Porque tens fome ao final do dia

Os “ataques” de fome ao final do dia são comuns no dia-a-dia de muitas mulheres.

Sem compreenderem o motivo, chegam a casa e, levadas por um apetite voraz, a primeira coisa que fazem é abrir o frigorífico e começarem a comer, por vezes compulsivamente. E, por mais que escondam a realidade destes episódios, até de si mesmas, estes continuam a acontecer dia após dia, deixando no seu coração um sentimento de culpa, tristeza e confusão, uma vez que ignoram as causas que desencadeiam este intenso apetite.

Mas então porque é que estes episódios acontecem? Porque é que sentes assim tanta fome ao final do dia?

Existem, principalmente, quatro potenciais causas que podem explicar o porquê de sentires tanta fome ao final do dia. Se for o teu caso, sugiro que leias cada uma delas e que, muito honestamente, sintas qual se poderá aplicar a ti.

#1 COMES POUCA QUANTIDADE DE COMIDA AO LONGO DO DIA

O nosso corpo necessita, no mínimo, de três refeições diárias de modo a receber os nutrientes de que precisa para estar forte e com energia. E desde que essas refeições sejam equilibradas, nutritivas e feitas nas horas de maior “pico digestivo” (lê mais sobre este tema no meu artigo “Qual a melhor hora para comer?“), o teu apetite e níveis de energia estarão regulados e estáveis. Agora, imagina este cenário:

– acordas com pouco apetite (talvez porque tenhas comido demasiado e tarde na noite anterior) e não tomas o pequeno-almoço, ou então tens fome mas como até achas que precisas de emagrecer, agarras num café e numa fruta e comes no caminho para o trabalho;

– a meio da manhã, e porque a fome e a fraqueza começam a incomodar, provavelmente tomas outro café ou então petiscas umas bolachas, um iogurte ou uma fruta;

– apesar do lanche da manhã não ter sido muito nutritivo, acabou por encher a tua barriguinha e, por isso, encontras-te sem muita fome para almoçar, logo optas por comer apenas uma salada ou uma sandes;

Perante este cenário de “pica-pica” durante o dia inteiro, é normal que o teu corpo esteja com uma “fome de leão” ao final do dia! Não é uma frutinha aqui e uma saladinha acolá que te vai alimentar e dar energia!

Experimenta começar o dia com um bom pequeno-almoço, se necessário comes um snack durante a manhã, depois comes um bom almoço e, passado umas 3-4 horas lanchas.

#2 AS REFEIÇÕES QUE FAZES SÃO POUCO NUTRITIVAS

Quando o teu carro está a ficar sem gasolina, uma luz de aviso acende e até que ele receba a gasolina de que necessita, essa luz irá permancer acendida, certo? O mesmo acontece com as tuas células. Elas necessitam de um determinado número de nutrientes e quando estes começam a escassear, elas “acendem a luz” (o apetite ou fome) de maneira a avisar-te que precisas de “encher o depósito”.

Se no teu carro tu colocares água em vez de gasolina, não só estarás metida em sarilhos, como a luz de aviso permanecerá acesa. Igualmente acontece com as células. Se tu não consumires alimentos ricos nos nutrientes que as células necessitam, a sensação de fome não irá desaparecer, pois as células continuarão a pedir alimento.

#3 É O MOMENTO EM QUE A TUA BARRIGUINHA PEDE PARA JANTAR

Como explico no meu artigo “Qual a melhor hora para comer?“, o nosso corpo funciona por biorritmos, ou seja, em certos momentos do dia o organismo concentra a sua energia a desempenhar determinadas funções metabólicas.

As horas em que o organismo se foca na digestão e, consequentemente, o metabolismo digestivo se encontra mais alto são: 6.00-9.30; 12.00-13.30; 17.00-19.00. Logo, é normal que ao final do dia o teu apetite aumente, pois é um aviso, por parte do teu organismo, de que está pronto para digerir a última refeição do dia.

Eu sei que vivemos numa cultura em que a hora tradicional para se jantar acontece mais tarde, mas se experimentares jantar à hora que o teu corpo pede, não só te vais dar conta de que a digestão se faz mais eficazmente como também irás ter um sono mais profundo. Como já referi várias vezes, desde que escutes e respeites a sabedoria do teu corpo, ele estará bem e equilibrado.

#4 AS EMOÇÕES, STRESS, ANSIEDADE EMERGEM

Durante o dia, em que a tua mente está fresca e desperta, torna-se mais fácil gerir as emoções que te vão visitando. O trabalho, as conversas com os colegas, os muitos telefonemas e emails para responder fazem com a tua mente se encontre distraída do desconforto que tu possas estar a evitar sentir.

No entanto, ao final do dia e já cansada, a mente não consegue ter o mesmo controle e as emoções começam a vir à superfície. Uma vez que a grande maioria das pessoas não sabe lidar com as suas emoções, acabam por arranjar mais um escape: a comida.

O prazer que a comida oferece pode acabar por servir de refúgio para as emoções que não queres sentir. No entanto, minha querida, isso é uma ilusão. É como tomar um analgésico para uma dor de cabeça que tem origem num “jeito” que deste ao pescoço. Não vai solucionar; apenas irá suprimir o desconforto, momentaneamente. Em geral, os episódios de “fome emocional” são caracterizados por desejos de comer “porcaria”, ou seja, comida processada como bolachas, batatas fritas, chocolate, bolos, croissants, etc.

Que emoções estás a evitar sentir?

De que é que tens medo?

Sabes que se te permitires sentir essa emoção o pior que pode acontecer é…nada?! Imagina lá tu que irás continuar viva e a respirar! Quanto muito, choras e choras e choras…e isso é bom! É sinal de que estás a sentir e processar essa emoção e quando isso acontece, a emoção liberta-se.

Aqui fica uma sugestão:

Na próxima vez que chegares a casa e sentires aquele apetite/gula, pára. Senta-te, respira bem fundo  cerca de 10 vezes e pergunta-te: de que é que eu sinto “fome”? Porque é que eu me sinto triste (em geral, é a emoção subjacente)? E observa o que quer que seja que comeces a sentir ou pensar.

Se tiveres dificuldade em permanecer quieta e em silêncio ou focares-te nas tuas emoções e pensamentos, coloca uma música tranquila e simplesmente escreve aquilo que te vier à cabeça. Será uma excelente oportunidade para tu escutares a mensagem que a tua sabedoria interior tem para ti.