O corpo perfeito

A luta é constante e incansável. Dietas atrás de dietas, exercício físico demasiado intenso, roupas estrategicamente escolhidas, tratamentos de beleza dispendiosos e, por vezes, invasivos, suplementos, chás, jejuns, e a lista continua…Tudo, para alcançar o “Santo Graal” da mulher: o corpo perfeito.

Uma das perguntas que mais gosto de colocar às mulheres, durante diversas conversas é: gostas do teu corpo?

Na vasta maioria dos casos, um silêncio toma conta da sala, o olhar desvia-se para o chão e um “não” envergonhado solta-se no ar.

Acompanhando aquele “não”, frequentemente existem lágrimas. Elas não têm o corpo que desejam e a dor que isso lhes causa é intensa, profunda, secreta. A tristeza que as percorre é sentida naquele momento em que soltam o véu e deixam a verdade mostrar a sua cara. Dói aceitar o que mais tentamos reprimir. Não é fácil olhar nos olhos da verdade e ter a coragem de a expressar. Mas de mão dada com essa dor, eu observo uma libertação que nasce quando a partilham, pois sentem que já não estão sozinhas. A dor já não é só delas. E agora que está cá fora, respiram mais tranquilamente – esta trizteza já não as está a sufocar.

Tu não estás sozinha.

Cada vez mais mulheres, e adolescentes, escondem-se atrás de roupas que não revelem o seu segredo – aquele corpo que tanto desgostam. Mergulham, uma e outra vez, em dietas que colocam a sua saúde em risco. Não disfrutam do prazer único que a comida oferece. Não se entregam à beleza da intimidade com medo que o seu companheiro não goste do seu corpo – esquecendo-se que são elas quem não gostam. A vida é afetada e impedida de fluir apenas por um único motivo:

elas acreditam-se nos pensamentos que a sua mente projeta sobre o que é o “corpo perfeito”

E então sofrem. E sofrem porque a realidade que vêm ao espelho não é a mesma que a sua mente deseja.

A busca incessante pelo “corpo perfeito” é a preocupação #1 da maioria das mulheres. Mas a minha pergunta é:

O que é que tu achas que vais conseguir quando tiveres esse “corpo perfeito”?

O que é que tu vais fazer com esse “corpo perfeito”?

A tua mente acha que a tua vida vai mudar? Como?

A pessoa que tu és vai mudar?

A tua mais pura essência – que essa, sim, é perfeita – vai ser transformada apenas porque terás o corpo que a tua mente deseja?

Será que a tua mente acha que quando tiveres o “corpo perfeito”, os homens vão chover aos teus pés ou que as pessoas vão gostar mais de ti?

Será que não te apercebes que essa revolta e tristeza, que leva tantas mulheres a sofrer de distúrbios alimentares, está a impedir-te de experienciar a alegria de cada instante e testemunhar o quão fantástico o teu corpo é?! E que, apenas acontece porque tu te deixas levar pelo que a tua mente julga ser “bonito” ou “feio”.

É apenas um pensamento. Uma projeção da mente – do ego – que, por natureza, tem os pés firmes na insatisfação constante. Quer sempre mais. Quer sempre melhor. Quer sempre a perfeição e como a perfeição é algo impossível de atingir – aos olhos de quem não a vê – tu sofres. E hás-de sofrer sempre até ao dia em que despertares para o facto de que o teu corpo já é perfeito. Tu és linda – tal como és.

Não é o teu corpo que necessita mudar, mas a maneira como tu vês o teu corpo.

Sim, podes sentir a vontade de mudar a tua alimentação e cuidar melhor do teu corpo (claro que sim!), mas que seja motivado pelo desejo de lhe dares mais saúde e energia para que ele possa cumprir o seu papel – ser o veículo da tua essência. Permitir que tu vivas a tua vida, que estejas com as pessoas que mais amas, que faças as coisas que mais alegria te dão e aprendas o que vieste aqui, à Terra, aprender. Essa é a função do corpo.

A função do corpo não é ficar bem num bikini, mas servir o propósito da tua essência – que vai tão mais além do que a preocupação em atingir o “corpo perfeito”

Já pensaste na quantidade de momentos mágicos que perdeste porque estavas distraída a dar atenção à conversa falsa da mente? “As minhas coxas são tão gordas!”, “o meu rabo é enorme e cheio de celulite”, “a minha barriga é gorda”, “a minha pele não é como a da atriz da novela”, blá, blá, blá! E enquanto estiveste ocupada a prestar atenção a esta conversa “chata” da mente, a vida aconteceu. E onde é que tu estiveste? A vivê-la? Ou vê-la passar?

Como seria olhares-te ao espelho sem o pensamento “o meu corpo não é perfeito”?

Como seria a tua vida sem esse pensamento?

Quem é que TU serias?

Convido-te a parares , apenas por um momento,  e soltares todos os pensamentos sobre o teu corpo e sentires a liberdade única e inigualável que acontece. Essa é quem tu és: LIVRE.

Foca-te na tua essência e deixa o teu corpo ser o que é. Deixa-o cumprir a sua missão em paz.

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